"As obras de Suas mãos são verdade e justiça; Imutáveis os Seus preceitos; Irrevogáveis pelos séculos eternos; Instituídos com justiça e eqüidade." - Salmo 110, 7-8

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Regulação da Natalidade: o que ensina a Igreja Católica (Parte I)

     O Sínodo sobre a Família já está quase aí, e por isso quero continuar publicando traduções de excelentes artigos e estudos que a envolve. O presente estudo é do leigo católico John Kippley, do Couple to Couple League, traduzido do site espanhol das Irmãs "Servas dos Corações Traspassados de Jesus e Maria".

Fonte: http://rodzinakatolicka.pl/index.php/galeria/view/42





INTRODUÇÃO


     Jesus veio redimir-nos e ensinar-nos a verdade sobre o amor, tanto o amor de Deus para conosco, como o amor entre nós. Todo amor vem de Deus.

     Jesus nos demonstrou quão plenamente o amor compromete permanentemente ao mesmo Deus com cada um de nós, como Deus ama e ainda segue o pecador para abraçá-lo de novo na vida da graça. "Porque Deus tanto amou ao mundo que entregou seu único Filho, para que todo o que crer Nele não se perca, mas tenha vida eterna" (Jo 3, 16).

     Jesus nos ensina que amar nem sempre é fácil. Ele sacrificou Sua vida para que pudéssemos compartilhar com Ele a vida eterna. Jesus nos ensina que no amor matrimonial, o homem e a mulher estão chamados a amar-se mutuamente até a morte. Jesus assombrou as pessoas ao declarar que divorciar-se e voltar a casar constitui adultério (Mc 10, 1-12), e na Última Ceia nos deu o novo mandamento, o mais difícil: "Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei" (Jo 13, 15).

     Por outro lado, Jesus não somente prometeu felicidade eterna àqueles que O seguem pelo caminho estreito (Mt 7, 14). Também prometeu uma paz e alegria muito especiais àqueles que O aceitam e O sigam: "Aquele que quiser salvar sua vida, a perderá; aquele que perder sua vida por causa de mim, a salvará" (Lc 9, 24).

     Neste contexto do ensinamento de Jesus sobre o discipulado do amor que os cristãos podem compreender Seu ensinamento sobre o amor conjugal. Seu ensinamento é o que a Igreja comunicou ao longo da história. Neste espírito de fidelidade, portanto, os cristãos autênticos devem levantar as perguntas sobre o controle de natalidade e outros problemas pertinentes.


  • I - A IGREJA SOBRE O MATRIMÔNIO E A SEXUALIDADE

A Relação Matrimonial

      O Matrimônio é uma relação permanente criada por Deus, a qual iniciam o homem e a mulher em plena liberdade. É uma relação de amor e serviço, e é também um Sacramento cristão.

"A íntima comunidade da vida e do amor conjugal, fundada pelo Criador e dotada de leis próprias, é instituída por meio da aliança matrimonial, ou seja, pelo irrevogável consentimento pessoal. 

Deste modo, por meio do ato humano com o qual os cônjuges mutuamente se dão e recebem um ao outro, nasce uma instituição também à face da sociedade, confirmada pela lei divina...
O homem e a mulher, que, pela aliança conjugal «já não são dois, mas uma só carne» (Mt. 19, 6), prestam-se recíproca ajuda e serviço com a íntima união das suas pessoas e atividades...
Por este motivo, os esposos cristãos são fortalecidos e como que consagrados em ordem aos deveres do seu estado por meio de um sacramento especial" (Gaudium et Spes, 48).

A paternidade segundo o Concílio Vat. II (Gaudium et Spes, 50)

"O Matrimônio e o amor conjugal ordenam-se por sua própria natureza à geração e educação da prole. Os filhos são, sem dúvida, o maior dom do Matrimônio e contribuem muito para o bem dos próprios pais. O mesmo Deus que disse «não é bom que o homem esteja só» (Gen 2,88) e que «desde a origem fez o homem varão e mulher» (Mt. 19,14), querendo comunicar-lhe uma participação especial na Sua obra criadora, abençoou o homem e a mulher dizendo: «sede fecundos e multiplicai-vos» (Gen 1,28).
 Por isso, o autêntico cultivo do amor conjugal, e toda a vida familiar que dele nasce, sem pôr de lado os outros fins do Matrimônio, tendem a que os esposos, com fortaleza de ânimo, estejam dispostos a colaborar com o amor do criador e salvador, que por meio deles aumenta cada dia mais e enriquece a sua família.

Os esposos sabem que no dever de transmitir e educar a vida humana - dever que deve ser considerado como a sua missão específica - eles são os cooperadores do amor de Deus criador e como que os seus intérpretes."

Tamanho da família

     A Igreja não tem nenhum ensinamento específico sobre o tamanho da família. Tampouco ensina, como dizem alguns, que o Matrimônio esteja obrigado a ter todos os filhos que seja possível [1]. Nas decisões à respeito do tamanho da família, os esposos terão "em conta o seu bem próprio e o dos filhos já nascidos, ou que prevêem virão a nascer, sabendo ver as condições de tempo e da própria situação e tendo, finalmente, em consideração o bem da comunidade familiar, da sociedade temporal e da própria Igreja" (Gaudium et Spes 50).

     Os casais devem tomar muitos fatores em consideração. Por outro lado, a perspectiva cristã nos adverte que não se devem tomar decisões baseadas em fatores puramente materialistas. A vida é um dom para ser compartilhado e o casal cristão deve ser generoso em "servir à vida" segundo as circunstâncias.

     O Papa João Paulo II disse que "as decisões a propósito do número dos filhos e dos sacrifícios que daí derivam não devem ser tomadas só em vista de aumentar as próprias comodidades e manter uma existência tranquila. Refletindo neste ponto diante de Deus, ajudados pela graça que vem do Sacramento, e guiados pelos ensinamentos da Igreja, os pais recordarão a si próprios que é mal menor negar aos próprios filhos certas comodidades e vantagens materiais do que privá-los da presença de irmãos e irmãs que poderiam ajudá-los a desenvolver a sua humanidade e a realizar a beleza da vida em todas as suas fases e em toda a sua variedade" (Homilia, 07/10/1979).

Observação:

¹ Aqui há um equívoco, pois "a Sagrada Escritura e a prática tradicional da Igreja veem nas famílias numerosas um sinal de benção divina e da generosidade dos pais" (cf. Catecismo da Igreja Católica, §2373). Ou seja, há sim um ensinamento específico sobre o tamanho da família; mas é óbvio também que a Santa Igreja entende que, "por justas razões" (CIC, § 2368), os casais podem praticar a paternidade responsável.

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